Trilha do Ouro: travessia de 3 dias pela Serra da Bocaina

Cachoeira dos Veados - Trilha do Ouro

A Trilha do Ouro é uma experiência única para os amantes de ecoturismo. Ela liga São José do Barreiro (SP), no alto da Serra da Bocaina, à Vila de Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ), em um caminho cheio de aventuras, história e cachoeiras.

Essa travessia histórica pelo Parque Nacional da Serra da Bocaina segue um antigo caminho usado por indígenas, tropeiros e traficantes, quando o ouro de Minas Gerais e o café de São Paulo eram transportados para o litoral fluminense.

Cachoeira Santo Isidro - Parque Nacional da Serra da Bocaina

Se você busca uma experiência de imersão na natureza e no passado, a Trilha do Ouro é uma rota imperdível, considerada um dos melhores trekkings do Brasil.

Neste guia completo, compartilho todas as informações dessa travessia fascinante.

História da Trilha do Ouro

História Trilha do Ouro

Mais do que uma travessia com paisagens deslumbrantes, a Trilha do Ouro é um caminho cheio de história.

Os caminhos que hoje os trilheiros percorrem, são originalmente trilhas de indígenas. No século XVII, com a criação do Caminho Velho da Estrada Real, que liga Ouro Preto (MG) a Paraty (RJ), esse trajeto entre São José do Barreiro e Angra dos Reis se tornou um “descaminho” do ouro. Ou seja, um caminho clandestino usado por traficantes que queriam fugir dos impostos portugueses.

Trilha do Ouro - Serra da Bocaina

Mas esse caminho ainda era usado por indígenas e também por tropeiros e traficantes de escravizados.

Depois, quando o Vale Histórico Paulista, onde fica São José do Barreiro, se tornou uma potência na produção de café, os barões da região financiaram a construção de um calçamento com pedras com mão de obra escravizada para escoar a produção de café com mais velocidade.

Podemos andar por esse calçamento em praticamente metade da travessia, tornando a Trilha do Ouro ainda mais fascinante.

Como é a travessia da Trilha do Ouro

Dia 1 – Cachoeira Santo Isidro e Cachoeira das Posses

Cachoeira das Posses
Cachoeira das Posses

O primeiro dia de travessia começa às 6h20, quando uma van nos busca no hotel e leva até a entrada do Parque Nacional da Serra da Bocaina, que fica a 1 hora do centro de São José do Barreiro.

Depois de uma reunião de briefing, iniciamos de fato a trilha. Ela começa na portaria do Parque Nacional da Serra da Bocaina, em São José do Barreiro, e percorre 19 km, alternando trechos de subida e descida.

Parque Nacional da Serra da Bocaina

Neste dia, passamos por duas cachoeiras. A primeira é a Santo Isidro, que fica a apenas 2,5 km do início da trilha, e é uma das mais bonitas do parque. Já a segunda é a Cachoeira das Posses, que fica na metade do caminho do primeiro dia, e onde geralmente é a pausa para o lanche.

Cachoeira Santo Isidro
Cachoeira Santo Isidro

Contando as paradas de descanso e nas cachoeiras, o primeiro dia tem 7 horas de atividade. Começamos a trilha às 8h e chegamos no abrigo às 15h.

A primeira hospedagem é a Pousada Barreirinha, casa do Seu Tião, um senhor super simpático e receptivo. O que ele tem de simplicidade, tem o dobro de generosidade.

Pousada Barreirinha

A hospedagem é bem simples, com energia elétrica limitada, mas com chuveiro aquecido e uma boa cama para descansar e recarregar as energias. O jantar e o café da manhã também estavam sensacionais.

Dia 2 – Cachoeira dos Veados

Trilha do Ouro - São José do Barreiro

O segundo dia é o mais tranquilo da travessia. São cerca de 14 km no total, apenas de descida, passando por pastos e poucas áreas de mata fechada. Neste dia, começamos a ver o calçamento histórico construído pelos escravizados para escoar o café da região. Essa construção impressionante nos acompanha até o final da trilha, em Angra dos Reis.

Iniciamos as atividades às 6h30 e chegamos na hospedagem do Zé do Zico às 11h30, onde paramos para fazer um lanche e partir para a cachoeira mais bonita da travessia.

A Cachoeira dos Veados fica a 20 minutos do abrigo e podemos deixar tudo na casa para caminhar mais leves até esse espetáculo da natureza. A cachoeira tem duas quedas d’água, que somadas chegam a 100 metros de altura. É realmente impressionante!

Cachoeira dos Veados

Ficamos na cachoeira por mais de 1 hora e depois voltamos para o Zé do Zico. O local fica do lado do Rio Mambucaba, com áreas para banho, e podemos aproveitar o restante da tarde por lá.

A casa tem estrutura ainda mais simples do que a primeira hospedagem, mas ainda com energia limitada e banho quente. Os quartos são compartilhados. Nosso jantar e café da manhã também foram bons.

Zé do Zico

O Zé do Zico oferece o serviço de descer as mochilas até o final da trilha de mula (consultar o valor no dia). Para quem estiver com dores, é uma boa opção, já que o último dia é o que exige mais preparo físico.

Dia 3 – Calçamento histórico

Calçamento histórico da Trilha do Ouro

O terceiro dia é o mais pesado e técnico. São 16 km de descida, com trechos que alternam o calçamento de pedra e trechos com muito barro. O bastão de trilha é essencial para esse dia e os escorregões uma certeza.

A caminhada não exige só muita atenção, como paciência, pois a progressão é mais lenta. É no terceiro dia que cruzamos a divida dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, chegando em Angra dos Reis. O clima também é mais abafado, diferente do friozinho da Serra da Bocaina.

Serra da Bocaina

Neste dia, temos uma parada para descanso e outra já final da trilha, no chamado Poço das Ninfas, uma pequena piscina natural ótima para se refrescar.

Iniciamos a trilha por volta das 6h30 e fechamos o trekking no sertão da Vila de Mambucaba às 13h45. Almoçamos e tomamos banho em um sítio, e pegamos a van de volta para São José do Barreiro por volta das 16h. Nossa jornada só terminou 20h30, quando chegamos no hotel.

Agência para fazer a Trilha do Ouro

Travessia da Trilha do Ouro

Contratar uma boa agência, com guias Cadastur (Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos), é muito importante para fazer a Trilha do Ouro de forma mais segurança.

Lembre-se que você estará em uma travessia de 50 km, no meio do Parque Nacional da Serra da Bocaina, um lugar com acesso difícil e sem sinal de celular. Então, estar com pessoas preparadas e com conhecimento do local se torna fundamental.

Fiz essa trilha com a Bocaina Experience, receptivo turístico de São José do Barreiro, que está há muitos anos trabalhando na região, sempre com guias Cadastur.

Agência Trilha do Ouro

A agência faz a trilha de maio a setembro, meses com clima mais ameno e menos chuva, que é o ideal para fazer essa travessia, e sempre com dois guias por questão de segurança. Outro ponto importante é que eles garantem exclusividade nos abrigos. Depois de finalizar a expedição, ganhamos da agência até um certificado de conclusão. Achei sensacional!

Para entrar em contato com a Bocaina Experience, é só mandar um WhatsApp para o número (12) 98176-6721 e falar que foi indicação do Pegamos Uma Estrada.

Vantagens de fazer a Trilha do Ouro

Serra da Bocaina - São José do Barreiro

Se você quer se desafiar e entrar no mundo das travessias, a Trilha do Ouro é uma ótima escolha. Apesar de serem 50 km de caminhada, eles são bem distribuídos entre os três dias, com um bom tempo de descanso para se recuperar para o dia seguinte, contando que chegamos nas hospedagens no início da tarde.

A principal vantagem da Trilha do Ouro são as casas dos colonos onde nos hospedamos no meio da Serra da Bocaina. Como você janta, dorme e toma café da manhã nos abrigos, não é necessário levar muita comida e nem barraca. É menos peso e mais conforto para fazer a trilha.

Outra vantagem importante que diminui o peso da mochila são os vários pontos de água pela trilha. Levar 1,5 litro de água e ir repondo a garrafinha é o suficiente. Banho quente é outro privilégio no meio da Serra da Bocaina, que deixa essa travessia ainda mais atrativa.

Tirando essas “mordomias”, o caminho também tem paisagens lindas e está cheio de cachoeiras. Não é à toa que a Trilha do Ouro é considerada um dos melhores trekkings do Brasil.

O que levar para a Trilha do Ouro

O que levar Trilha do Ouro

Para fazer a travessia da Trilha do Ouro em três dias, é preciso levar alguns itens essenciais para não passar perrengue no Parque Nacional da Serra da Bocaina.

Recomendo uma mochila de, no mínimo, 25 litros para carregar tudo o que for necessário. Não faça igual eu que levei uma de 20 litros e tive que deixar a blusa de fora. Fez falta para me proteger do friozinho da Serra da Bocaina.

Como há café da manhã e jantar nas hospedagens, é necessário levar apenas snacks para “almoçar” e lanchar durante o dia. Recomendo ter uma boa quantidade de barrinhas de cereal, frutas secas, salgadinho e um chocolate para dar energia. De água, 1,5 litro é o suficiente, já que a trilha tem muitos pontos para repor a garrafa.

Equipamentos trilha

De roupas, o ideal é levar quatro camisetas, sendo algumas delas com proteção UV, uma calça, uma bermuda, uma blusa, roupa de banho, pijama e chinelo.

Já de acessórios, é importante ter bastão de trilha, toalha de microfibra, capa de chuva, carregador portátil, kit de higiene (escova de dente, sabonete e shampoo) e kit básico de primeiros socorros. Caso tenha um canivete, é sempre conveniente levar.

Hospedagem em São José do Barreiro

Hotel Fazenda Club dos 200

O Club dos 200 é a melhor opção de hospedagem para fazer a Trilha do Ouro. A grande vantagem é que o hotel oferece um café da manhã completo às 5h, horário que você vai ter que acordar no primeiro dia.

Além disso, o Club dos 200 é um lugar histórico, construído nos anos 1920 e com arquitetura única. Na época, foi frequentado por presidentes, artistas e muitas pessoas importantes.

Club dos 200 São José do Barreiro

Quando fiz a trilha (set/24), todo o grupo estava hospedado no Club dos 200 e a van foi nos buscar no hotel. Também pudemos deixar o carro estacionado lá sem problemas.

Para mais informações sobre o Club dos 200, basta entrar em contato pelo WhatsApp (11) 91878-7957.

> Clique aqui para conferir o que fazer em São José do Barreiro

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