Paranapiacaba: o que fazer e como chegar na vila inglesa de Santo André
Uma pequena vila rodeada pela Mata Atlântica e com uma névoa que transforma sua paisagem todas as tardes. Essa é Paranapiacaba, vila de operários que pertence ao município de Santo André (SP), construída pelos ingleses no século XIX, no topo da Serra do Mar.
A história da vila começa em 1867, com a construção da estrada de ferro que liga Santos a Jundiaí. Idealizada pelo Barão de Mauá, a linha tinha o objetivo de transportar o café produzido no interior de São Paulo até o porto de Santos. Até então, o trajeto era feito por carroças e mulas e demorava mais de uma semana.
O grande desafio da obra era superar a Serra do Mar, um paredão com mais de 700 metros de altura. E Paranapiacaba foi o melhor local encontrado para fazer essa travessia.
Por isso, a São Paulo Railway, companhia inglesa contratada para fazer a obra, criou uma vila para acomodar os operários (em sua maioria estrangeiros) e os funcionários que iriam trabalhar na operação da linha.
Hoje, Paranapiacaba é formada por muitos parentes desses ferroviários e sobrevive basicamente do turismo. A estrada de ferro continua funcionando, mas foi modernizada e não precisa mais do apoio da vila para operar.
Por conta do seu valor arquitetônico, ambiental, cultural e industrial, a Vila de Paranapiacaba é considerada Patrimônio Histórico e tombada nas esferas municipal, estadual e federal.
O nome Paranapiacaba vem do tupi e significa “lugar de onde se vê o mar”. Mas isso é uma missão difícil. Por sua posição geográfica, no alto da Serra do Mar, a região é tomada pela neblina quase todos os dias do ano. É mais uma característica que traz um charme especial para a vila.
O que fazer em Paranapiacaba
Andar por Paranapiacaba é como voltar no tempo. A arquitetura inglesa das casinhas continua muito bem preservada e seu clima ameno, com a neblina que encobre a região todas as tardes, faz você se sentir em uma típica vila inglesa.
Além das atrações históricas, Paranapiacaba também tem uma grande diversidade ambiental. A região tem trilhas, nascentes e cachoeiras e, por isso, é muito procurada pelos amantes do ecoturismo.
Trilhas e cachoeiras
No topo da Serra do Mar e cercada pela Mata Atlântica, Paranapiacaba abriga diversas nascentes e cachoeiras. É um lugar perfeito para fazer trilhas.
Em nossa visita, fizemos a Trilha da Cachoeira Escondida e a Trilha do Mirante. São trilhas de nível fácil/médio que cortam a úmida Mata Atlântica e chegam a belos destinos naturais. No total, foram 8,5 km de caminhada e 4h30 curtindo a natureza.
Vale destacar que as trilhas de Paranapiacaba só podem ser feitas com guia credenciado e são pagas. O valor varia da empresa contratada e trilha.
Passarela Metálica
Um dos cartões postais da vila, a passarela atravessa a ferrovia e liga a cidade alta à cidade baixa. Da ponte, você tem uma visão privilegiada da estrada de ferro e também da réplica do Big Ben, uma torre de 25 metros que carrega um relógio da marca Johnnie Walker (aquele mesmo do whisky).
Museu Castelo (Castelinho)
Foi a moradia do engenheiro-chefe da ferrovia. Construída em 1897, ela fica no alto de um morro e tem visão panorâmica da vila. É a maior casa de Paranapiacaba e hoje abriga um museu com peças antigas que resgatam o modo de trabalho na ferrovia e conta a história da vila. As visitas são monitoradas por um guia que conta todos os detalhes da casa.
Funcionamento: Quinta-feira a domingo e feriados, das 10h às 16h
Entrada: R$ 10
Casa Fox (Casa da Família Ferroviária)
Se o Museu Castelo mostra a luxuosa casa do engenheiro-chefe, a Casa Fox retrata a moradia dos operários que viviam em Paranapiacaba. O museu tem móveis, mobílias, utensílios e fotos da época.
Funcionamento: Quinta-feira a domingo e feriados, das 10h às 16h
Entrada: R$ 5
Museu Ferroviário
Conta a história da ferrovia e mostra como funcionava o antigo sistema funicular que operava ali. Era preciso passar por cinco patamares, 16 pontes e 14 túneis para transpor a Serra do Mar em segurança.
O museu tem máquinas antigas, carros, vagões, locomotivas e objetos do antigo sistema funicular.
Funcionamento: Sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h
Entrada: R$ 10
Antigo Mercado de Secos e Molhados
Construído em 1899, hoje é um espaço multicultural que abriga festivais e feiras gastronômicas. Aos fins de semana e feriados, ele recebe a Feira Caminhos do Cambuci, evento organizado por produtores e artesões que trabalham com o cambuci, fruto típico da região.
Funcionamento: Sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h
Entrada: Gratuita
Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba
Inaugurada em 1889, fica no ponto mais alto de Paranapiacaba. A igreja em si é pequena e simples. Mas ela tem uma bela visão da parte baixa da vila e da imensidão do verde da Mata Atlântica que envolve o vilarejo.
Festivais em Paranapiacaba
Festival de Inverno
Principal evento de Paranapiacaba, o Festival de Inverno agita a vila nos fins de semana de julho. Ela recebe shows, intervenções artísticas, oficinas, feiras de artesanato e antiguidades, mostra fotográfica e muito mais.
É um evento completo que valoriza a Vila de Paranapiacaba e ainda conta com a presença ilustre da neblina que encobre a cidade, dando um clima especial para o festival.
Festival do Cambuci
Festival gastronômico que tem o cambuci como grande protagonista. Apesar de azedinho, o fruto típico da Serra do Mar é aproveitado para fazer doces, salgados e bebidas. Os mais famosos são as cachaças, sorvetes e geleias.
O evento acontece geralmente nos finais de semana de abril e conta com oficinas de gastronomia, feira com produtos naturais, além de atrações musicais e culturais.
Convenção de Magos e Bruxas de Paranapiacaba
Organizada pela Casa de Bruxa, é um evento aberto para todas as manifestações culturais. A proposta é divulgar informações sobre o bem-estar energético e espiritual, a natureza humana e técnicas terapêuticas.
A convenção tem uma programação com palestras, workshops, danças e exposições. Atualmente, é um dos maiores eventos do gênero na América Latina.
Como chegar
De carro
Paranapiacaba fica no final da Rodovia Deputado Antonio Adib Chammas. O principal acesso fica no km 46 da Rodovia Índio Tibiriçá (SP-031), em Ribeirão Pires.
Para quem vem de São Paulo, também há um caminho que corta as cidades de Santo André, Mauá e Ribeirão Pires. Ele praticamente acompanha toda a linha 10 – Turquesa da CPTM. Apesar da distância ser menor, esse trajeto tem muitos faróis e acaba demorando mais. Então, indicamos o caminho pela Rodovia Índio Tibiriçá, que não tem pedágio.
Transporte público
O melhor caminho para quem vai de transporte público para Paranapiacaba é combinar trem e ônibus.
Pegue a linha 10 – Turquesa da CPTM até a Estação Rio Grande da Serra. Ao chegar na cidade, atravesse os trilhos, vire à direita e ande 50 metros até um ponto de ônibus coberto. É dali que saem os ônibus da EMTU da linha 424 (Rio Grande da Serra – Paranapiacaba). Basta embarcar e sair no ponto final, na parte alta da vila. O valor da passagem é de R$ 4,80 (preço de 2022).
Expresso Turístico Luz – Paranapiacaba
Todos os domingos, a CPTM tem um expresso turístico que sai da Luz e vai para Paranapiacaba, apenas com uma parada na Estação Celso Daniel – Santo André.
O trem sai 8h30 da Estação da Luz e às 9h da Estação Celso Daniel – Santo André. O retorno ocorre às 16h30 em Paranapiacaba, também com parada em Santo André. O percurso tem 48 km, leva em torno de 1h30 e é feito em um trem da década de 1950.
O valor da passagem é R$ 50 (preço de 2022). Clique aqui para mais informações do Expresso Turístico Luz – Paranapiacaba.
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