O que fazer em Vassouras (RJ), a cidade das fazendas antigas do Vale do Café
Vassouras (RJ) é uma encantadora cidade do Vale do Café fluminense, que foi a mais rica do Brasil na década de 1850. Nessa época, 70% do café produzido no país saiu da cidade, o que fez Vassouras ser a maior produtora mundial do grão.
A cidade foi tão rica que chegou a ter como moradores 25 barões, sete viscondes, uma viscondessa, uma condessa e dois marqueses. Essa época de ouro fez Vassouras ganhar os apelidos de Princesinha do Café e Cidade dos Barões.
Mas após o fim do ciclo do café e a abolição da escravatura, a cidade caiu em declínio. As fazendas faliram, os barões foram embora e até a sua população diminuiu.
Atualmente, Vassouras preserva casarões e fazendas antigas que resgatam a história do país. Andar pela cidade é como voltar ao tempo dos barões de café. Em uma breve passagem pela cidade, podemos ter noção da riqueza que passou por ali. São muitas atrações históricas que vão impressionar você.
É possível conhecer Vassouras em um fim de semana ou até em um dia, como fizemos na nossa viagem. Confira abaixo o que fazer na cidade.
Curiosidade: o nome Vassouras vem de um arbusto encontrado em abundância na região, chamado tupeiçaba ou guaxima, mas que popularmente é conhecido como vassourinha, pois era usado na confecção de vassouras.
Onde fica Vassouras
Vassouras está localizada no Vale do Paraíba, em uma região conhecida como Vale do Café. A cidade fica próxima de Barra do Piraí (RJ) e Volta Redonda (RJ), e está a 125 km e 3 horas de viagem do Rio de Janeiro (RJ).
O município é cortado pela Rodovia Lúcio Meira (BR-393), antiga Rio-Bahia, que atravessa todo o Estado do Rio de Janeiro.
O que fazer em Vassouras
Fazendas históricas
Vassouras talvez seja a cidade que preserva mais fazendas antigas do ciclo do café. Indicamos fazer a visitação em alguma delas para entender melhor a história da cidade e também do Brasil.
Nós conhecemos a Fazenda Cachoeira Grande, que pertenceu ao Barão de Vassouras. Fizemos um tour completo pela propriedade, que foi adquirida em 1987 pela família Caffarelli.
Na época, a fazenda estava abandonada e foi preciso quatro anos de muita dedicação para reconstruir o imóvel e deixá-lo com as características originais. O casarão segue imponente e seu interior foi decorado com móveis e objetos que vieram da Europa para retratar como era a casa de um barão.
A visitação dura cerca de 2 horas e é uma verdadeira aula. Conhecemos a história da fazenda, do Barão de Vassouras e também de uma parte da história do Brasil, além de detalhes sobre a restauração do casarão e do mobiliário atual. Ao final, ainda é servido um cafezinho com bolo e biscoitos.
A visitação custa R$ 100,00 (out/23), mas é necessário fazer o agendamento pelo telefone (21) 99911-4339 (WhatsApp).
Vassouras também possui outras fazendas abertas ao público. Cada uma tem sua história e passeios com características diferentes. Entre as principais fazendas estão: Fazenda São Luiz da Boa Sorte, Fazenda do Secretário, Fazenda Cachoeira do Mato Dentro, Fazenda Mulungu Vermelho, Fazenda São Fernando, Fazenda Santa Eufrásia e Fazenda São Roque.
Museu Casa da Hera
A Casa da Hera é considerada o casarão urbano do século XIX mais bem preservado de Vassouras. Em um tour gratuito de 20 minutos, podemos conhecer todos os cômodos da casa, que ainda preservam as características da época, ver objetos e móveis originais, além de conhecer a história de seus moradores.
Ela pertenceu a Joaquim José Teixeira Leite, um importante comerciante de café. Mas a sua moradora mais ilustre foi Eufrásia Teixeira Leite, filha mais nova do empresário, que se tornou a primeira mulher brasileira investidora da bolsa de valores.
Aos 22 anos, Eufrásia herdou uma enorme quantidade de dinheiro e foi morar em Paris com a irmã mais velha. Na Europa, Eufrásia investiu em títulos públicos e na bolsa de valores de 13 países, multiplicando a sua fortuna. Ela voltou ao Brasil por algumas vezes, ficando temporadas na Casa da Hera.
Eufrásia morreu em 1930, aos 80 anos, no Rio de Janeiro. Sem herdeiros, ela destinou praticamente toda a sua fortuna para obras de caridade. Já sua casa em Vassouras, ela exigiu que fosse preservada e virasse um museu.
A Casa da Hera também tem um belo jardim e um túnel de bambuzais plantado por Manuel da Silva Rebello, caseiro que ficou responsável pelo imóvel enquanto Eufrásia e a irmã estavam na Europa. Foi ele também que plantou a hera nas paredes, que hoje dá nome ao museu.
Praça Barão de Campo Belo
Cartão postal de Vassouras, essa praça foi construída entre 1835 e 1857 a pedido do próprio Barão de Campo Belo.
Rodeada por palmeiras imperiais e casarões do século XIX, ela compõe um conjunto arquitetônico tombado pelo IPHAN. O destaque é o chafariz de 1846, construído pelo arquiteto espanhol Joaquim de Sousa Garcia de La Vega.
Em volta da praça, que já foi cenário de filmes e novelas, também há outros pontos turísticos, como a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, a Câmara Municipal de Vassouras e o Centro Cultural Cazuza.
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição
Datada de 1828, foi construída pelo Barão de Aiuruoca. A igreja fica no alto da Praça Barão de Campo Belo, em um ponto de destaque no centro da cidade.
Ela foi erguida apenas como uma capela, mas passou por uma grande reforma ainda no século XIX, que originou a arquitetura atual.
Câmara Municipal de Vassouras
Mais uma obra imponente ao redor da Praça Barão de Campo Belo, a Câmara Municipal de Vassouras foi o primeiro casarão a ser projeto com finalidade pública.
A câmara ainda funciona no prédio, mas a cadeia que ficava ali foi desativada 1923. Ao entrar no banheiro masculino do andar térreo, ainda é possível ver as grades da janela da antiga cadeira.
A câmara ainda tem um espaço que conta a história de Vassouras e uma parede com quadros dos barões que moraram na cidade.
Centro Cultural Cazuza
Sabia que a mãe do cantor Cazuza é de Vassouras? Lucinha Araújo escolheu o casarão de 1845 onde nasceu para abrigar o Centro Cultural Cazuza.
O museu reúne roupas, fotos, entre outros objetos do cantor, e também recebe exposições de outros artistas.
Estação Ferroviária
Inaugurada em 1875, quando o café já estava em declínio na cidade, a charmosa Estação Ferroviária é um símbolo da riqueza de Vassouras. O seu prédio segue muito bem preservado e no seu interior funciona um restaurante.
No pátio da estação também há uma locomotiva de 1889, que foi uma das últimas a circular pela Estrada de Ferro Dom Pedro II.
Memorial Manoel Congo
Localizado no largo da antiga forca e pelourinho de Vassouras, o Memorial Manoel Congo faz homenagem ao líder da insurreição que libertou cerca de 400 escravizados na região, em 1838.
Manoel Congo foi capturado no ano seguinte e condenado à forca. Hoje, ele é considerado um herói do Estado do Rio de Janeiro e seu memorial é um símbolo de libertação.
Quanto tempo ficar em Vassouras
O tempo que você vai ficar em Vassouras depende exclusivamente de quantas fazendas você quer visitar. É possível conhecer todo o centro histórico e uma fazenda antiga em um dia.
Nós passamos por todas as atrações, com exceção do Centro Cultural Cazuza, entre as 10h e 18h. Agora, se você pretende conhecer mais fazendas históricas, reserve pelo menos um período (manhã ou tarde) para cada.
Quando ir para Vassouras
Vassouras é um destino tranquilo que pode ser visitado o ano inteiro. Mas é importante ver a previsão de chuva para o dia da viagem. Como boa parte das atrações ficam próximas, é indicado ir andando de um lugar para outro, e a chuva pode atrapalhar.
Por isso, a estação menos indicada é o verão. Além das costumeiras chuvas, o sol forte do Rio de Janeiro é outro fator que vai atrapalhar a sua visita.
Pingback: Eufrásia Teixeira Leite, a primeira brasileira investidora da Bolsa de Valores