Palenqueras: conheça as mulheres que encantam as ruas de Cartagena
Ao andar por Cartagena, é impossível não notar a figura das palenqueras, mulheres com vestidos coloridos que alegram e encantam as ruas da cidade vendendo frutas e doces.
Para nós, brasileiros, a presença marcante delas lembra muito as baianas de Salvador. Inclusive, assim como as baianas, as palenqueras são reconhecidas pela UNESCO como patrimônio imaterial da humanidade.
E as semelhanças entre as duas não param por aí. A história delas também está ligada com as raízes africanas e com a escravidão.
San Basilio de Palenque
Cartagena, na Colômbia, foi fundada em 1533 e durante anos teve o principal porto da América para o envio de ouro para a Espanha. Por consequência disso, milhares negros escravizados foram enviados para trabalhos forçados na região.
Muitos dos que conseguiam escapar, se refugiavam em uma área protegida pelas montanhas a 50 km de Cartagena, que ficou conhecida como San Basilio de Palenque. A palavra “palenque”, inclusive, faz referência aos muros levantados para proteger a aldeia.
Na vila, os africanos mantiveram suas tradições e costumes, que podem ser vistos até hoje em San Basilio de Palenque, principalmente pelo idioma criollo palenquero (mistura de línguas africanas e espanhol), pela culinária e pela música.
Em 1691, o povoado também se tornou a primeira cidade livre da América. Após uma tentativa frustrada de libertar todos os escravizados de Cartagena, os africanos de San Basilio de Palenque receberam a liberdade da Coroa Espanhola, com o objetivo de evitar mais revoltas.
Ou seja, as palenqueras que se reúnem hoje em Cartagena são descendentes diretas desses escravizados que se estabeleceram em San Basilio de Palenque.
Hoje, para sobreviver, elas viajam todos os dias e adentram as muralhas de Cartagena para vender frutas, doces, tirar fotos com turistas e, sobretudo, preservar a cultura e as raízes africanas com simpatia e afeto.
Quem passa por elas pode nem saber, talvez nem mesmo as próprias palenqueras tenham essa noção, mas elas são a representação da resistência de um povo que foi brutalmente explorado em uma das mais terríveis páginas da nossa história.